quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Saúde e Futebol: em que se parecem?

Esse ano, 2014, certamente vai entrar pra história. Nós, o até então, país do futebol, fomos derrotados pela seleção da Alemanha por 7 a 1 em uma semi-final do campeonato mundial. Talvez vocês estejam se perguntando o que falar sobre isso tem a ver com o meu blog. Mas, durante a derrota, notei que perdemos por um motivo simples: apesar de termos jogadores muito bons, não temos um time. Em outras palavras, era notório a falta de entrosamento da seleção brasileira e a belíssima articulação em campo da seleção campeã.

Na saúde, não é diferente. Para o setor dar certo, é necessário muito mais do que apenas financiamento e gestão como muitos pensam. Passar a vida culpabilizando quem está no comando não basta. A solução para os problemas do setor saúde no nosso país não depende apenas de quem detém os recursos. Depende também da nossa capacidade em reconhecer demandas específicas e trabalharmos juntos (em EQUIPE) a fim de atendê-las.

Nesse sentido, a interdisciplinaridade e o trabalho em equipe são fundamentais. Vivencio diariamente atividades hospitalares e o que vejo é uma completa fragmentação das diversas categorias profissionais atuantes. E aqui, não salvo nenhuma categoria profissional. A falta de integração é generalizada. Falta o médico saber que sozinho ele não salva vidas; falta o enfermeiro e o farmacêutico trabalharem juntos e não passarem uma vida inteira culpabilizando o outro por erros cometidos no serviço; falta conhecermos a importância do trabalho do outro para a nossa rotina; falta pararmos de criticar sem conhecer as limitações do serviço alheio; falta pensarmos em formas de melhorarmos o sistema como um todo; falta um monte de outras coisas.

Outro problema do nosso sistema de saúde (e aqui eu extendo meu pensamento para o sistema único de saúde como um todo e não apenas penso em uma unidade hospitalar) é a falta de união entre os diferentes níveis de complexidade do sistema. Para termos um SUS de verdade, precisamos ter uma atenção básica que sabe pra onde o paciente foi referenciado, precisamos ter uma média complexidade capaz de fazer mais do que apenas entregar um exame diagnóstico, precisamos ter uma atenção terciária capaz de acompanhar o paciente depois de um período de internação, por exemplo. Enquanto não formos capazes de nos comunicarmos, não seremos capazes de oferecer uma saúde de qualidade (e nem de lutar por uma!!!).

Enfim, o que quero dizer é que da mesma forma que a Seleção Brasileira foi derrotada em campo por falta de união, comunicação e incapacidade de perceber as particularidades de cada time adversário, continuaremos a oferecer uma saúde medíocre enquanto não tivermos: comunicação; interdisciplinaridade; humildade profissional e capacidade de reconhecer a importância do outro; capacidade de reconhecer as peculiaridades de cada caso e TRABALHO EM EQUIPE
. Cabe a nós procurarmos fazer a diferença!!!


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