sexta-feira, 7 de março de 2014

A utilização do facebook promovendo o uso irracional de medicamentos!

O mercado farmacêutico é repleto de conflitos de interesses: de um lado temos os gestores do Sistema Único de Saúde tentando promover o uso racional de medicamentos e diminuir gastos desnecessários; do outro, as grandes empresas produtoras tentando incentivar de todas as formas o consumo. No Brasil, as grandes indústrias chegam a investir mais em propaganda e marketing do que em pesquisa.

Esse alto investimento em propagandas, muitas vezes, cria uma demanda de consumo de medicamentos até então inexistente, o que fortifica a cultura da medicalização. O uso indiscriminado de medicamentos prejudica em primeiro lugar o usuário do serviço de saúde, sendo importante mencionar que os medicamentos são, desde 1995, uma das principais causas de intoxicação humana, excluídas as tentativas de suicídio (SINITOX).

Enquanto os órgãos reguladores tentam melhorar esse quadro, buscando mecanismos de controlar melhor as propagandas existentes no mercados e a prática da automedicação, as grandes empresas encontram meios, cada vez mais sutis, de burlar a legislação vigente. Grande exemplo disso é a criação de páginas na rede social do facebook. Essa prática que, vem sendo cada vez mais recorrente, vai contra diversas exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária que, através da RDC nº 96/2008, tenta combater práticas indiscriminadas de publicidade.


Alguns exemplos de páginas de medicamentos no facebook que, de maneira indireta, promovem o uso indiscriminado de medicamentos infringindo o artigo 4º da RDC nº 96 que proibe  essa prática.


Quando navegamos por essas páginas podemos notar uma série de infrações que vão desde a propaganda indireta até a promoção do uso indiscriminado de medicamentos, passando por uso de metáforas para incentivo ao consumo; propagandas voltadas ao público adolescente; promoção de concursos culturais envolvendo medicamentos; indicações off-label; representações visuais enganosas de alterações do corpo humano causadas por doenças, entre outras.

É importante pensarmos o assunto e estarmos por dentro das leis para que sejamos capazes de reconhecer essas infrações e combatê-las, preservando, assim, a saúde de toda uma sociedade. Afinal, ao contrário do que muitos pensam, saúde e medicamento estão longe de serem sinônimos.



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